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Fátima – 3ª aparição – A visão do inferno

Nossa Senhora apareceu seis vezes aos pastorinhos, de maio a outubro de 1917, nos dias 13 de cada mês, com exceção de agosto, como veremos nestas páginas.

Lista das aparições em Fátima:

13 de julho de 1917 - A visão do inferno

Maria Rosa, mãe de Lúcia, sentiu-se aliviada quando, no dia 13 de julho, percebeu que sua caçula não pretendia levar o rebanho à Cova da Iria.

Mas, quando chegou a hora, Lúcia sentiu-se subitamente impelida e correu à casa dos tios, em busca dos primos, para irem ao encontro da Senhora.

Densa multidão já se aglomerava no local, pois os fatos do mês anterior haviam corrido de boca em boca. Cerca de 2 ou 3 mil pessoas, devotas ou curiosas, lá estavam ao redor das crianças, que rezavam o terço.

Tio Marto, pai de Jacinta e Francisco, também estava lá; inesperadamente, encontrou ali também sua esposa, Olímpia. É que, tendo ouvido a conversa dos três pequenos, ela havia ido até Maria Rosa e ambas se dirigiram para a Cova, munidas de velas bentas para exorcizar o espírito maligno que se manifestasse a seus filhos.

Era já o meio-dia solar. Estavam ainda rezando o terço quando Lúcia, muito pálida, olhou para o nascente e gritou:

      - Fechem os chapéus! Fechem os chapéus que já aí vem Nossa Senhora!

A mesma nuvenzinha acinzentada apareceu pairando sobre a azinheira, leve e transparente. O sol amainou e começou uma aragem muito fresca, mal se percebendo que era pleno verão. No silêncio profundo, apenas as pessoas mais próximas dos videntes conseguiam ouvir como um zumbido vindo da azinheira, mas sem distinguir as palavras da Senhora.

- Vossemecê que me quer?

«Quero que venhais aqui no dia 13 do mês que vem, que continuem a rezar o terço todos os dias, em honra de Nossa Senhora do Rosário, para obter a paz do mundo e o fim da guerra, porque só Ela lhes poderá valer.»

- Queria pedir-lhe para nos dizer quem é, para fazer um milagre com que todos acreditem que Vossemecê nos aparece.

«Continuem a vir aqui todos os meses. Em outubro direi quem sou, o que quero, e farei um milagre que todos hão de ver para acreditar.»
Lúcia então pensou em alguns pedidos que várias pessoas lhe haviam feito. Um deles foi pela cura do filho de Maria Carreira, que desde a segunda aparição acompanhava as crianças.

Nossa Senhora disse que não o curaria, mas lhe daria meios de vida se rezasse o terço todos os dias. E acrescentou:

«Sacrificai-vos pelos pecadores e dizei muitas vezes, em especial sempre que fizerdes algum sacrifício: "Ó Jesus, é por vosso amor, pela conversão dos pecadores, e em reparação pelos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria".»
Conta Lúcia:

 «ao dizer estas últimas palavras, a Senhora abriu de novo as mãos, como nos dois meses passados.

O reflexo pareceu penetrar na terra, e vimos como um mar de fogo, os demônios e as almas, como se fossem brasas transparentes e negras ou bronzeadas, com forma humana, que flutuavam no incêndio, levadas pelas chamas que delas mesmas saíam juntamente com nuvens de fumo, caindo para todos os lados como caem as fagulhas nos grandes incêndios, sem peso nem equilíbrio, entre gritos e gemidos de dor e desespero que horrorizavam e faziam estremecer de pavor.

Os demônios distinguiam-se por formas horríveis e asquerosas de animais espantosos e desconhecidos, mas transparentes, como negros carvões em brasa.»

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As crianças ficaram tão atemorizadas que recearam estar a ponto de morrer, como se não lhes tivesse sido dito que as três iriam para o Céu.

Ergueram os olhos em súplica desesperada para a Senhora que os contemplava com melancólica ternura.

«Vistes o inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores. Para as salvar, Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao Meu Imaculado Coração. Se fizerem o que eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas e terão paz. A guerra vai acabar. Mas, se não deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio XI começará outra pior.

Quando vierdes uma noite alumiada por uma luz desconhecida, sabei que é o grande sinal que Deus vos dá de que vai punir o mundo pelos seus crimes, por meio da guerra, da fome e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre.

Para o impedir, virei pedir a consagração da Rússia ao Meu Imaculado Coração e a comunhão reparadora nos primeiros sábados. Se atenderem aos meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz; se não, espalhará os seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas. Por fim, o Meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz.

Em Portugal, conservar-se-á sempre o dogma da Fé.»
Continua Lúcia, em relato do Terceiro Segredo, como divulgado em 26 de junho do ano 2000:

«Depois das duas partes que já expus, vimos ao lado esquerdo de Nossa Senhora um pouco mais alto um Anjo com uma espada de fogo na mão esquerda; ao cintilar, despedia chamas que parecia iam incendiar o mundo; mas apagavam-se com o contato do brilho que da mão direita expedia Nossa Senhora ao seu encontro.

O Anjo, apontando com a mão direita para a terra, com voz forte disse: Penitência, Penitência, Penitência!

E vimos em uma luz imensa que é Deus: “algo semelhante a como se veem as pessoas em um espelho quando lhe passam por diante” um Bispo vestido de Branco “tivemos o pressentimento de que era o Santo Padre”.

Vários outros Bispos, Sacerdotes, religiosos e religiosas subir uma escabrosa montanha, no cimo da qual estava uma grande Cruz de troncos toscos como se fora de sobreiro com a casca; o Santo Padre, antes de chegar aí, atravessou uma grande cidade meio em ruínas, e meio trêmulo com andar vacilante, acabrunhado de dor e pena, ia orando pelas almas dos cadáveres que encontrava pelo caminho.

Chegado ao cimo do monte, prostrado de joelhos aos pés da grande Cruz foi morto por um grupo de soldados que lhe dispararam vários tiros e setas, e assim mesmo foram morrendo uns após outros os Bispos, Sacerdotes, religiosos e religiosas e várias pessoas seculares, cavalheiros e senhoras de várias classes e posições.

Sob os dois braços da Cruz estavam dois Anjos cada um com um regador de cristal na mão, neles recolhiam o sangue dos Mártires e com ele regavam as almas que se aproximavam de Deus».

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Visão do 3º segredo, reprodução do filme 13º dia

Disse então Nossa Senhora:
«Isto não o digais a ninguém. Ao Francisco, sim, podeis dizê-lo.

Quando rezardes o terço, dizei depois de cada mistério: "Ó meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o céu, principalmente aquelas que mais precisarem"
Seguiu-se um momento de silêncio. Então Lúcia perguntou:

- Vossemecê não me quer mais nada?

«Não, hoje não te quero mais nada.»

Com um último olhar cheio de afeto, a Senhora elevou-se em direção ao nascente até desaparecer.

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Fotos dos pastorinhos após a aparição de julho de 1917

Logo começaram a interpelar as crianças, que ainda estavam aturdidas:
      - Ó Lúcia, que te disse Nossa Senhora que ficaste tão triste?
      - É um segredo.
      - E é coisa boa?
      - Para uns é boa, para outros é má.
      - E não o dizes?
      - Não, senhor, não o posso dizer.

Por esse tempo já parecia não haver ninguém em Portugal que não soubesse das notícias de Fátima. Os jornais católicos faziam referência aos fatos com grande prudência. A imprensa anticlerical acusava os padres de inventarem tudo, para recuperar o prestígio da Igreja.

Enquanto isso, Lúcia sofria em casa as conseqüências da destruição que o povo causava nas plantações da Cova da Iria. No local já não se podia cultivar coisa alguma.

      - Tu, agora, quando quiseres comer, vais pedi-lo a essa Senhora! - diziam à menina, que muitas vezes nem ousava pedir um pedaço de pão, indo dormir com fome.

Mas Lúcia jamais se revoltou contra a oposição que sofria da família, particularmente da mãe. Tudo via como cumprimento do que o Anjo lhe havia dito, a respeito de aceitar os sofrimentos que Deus lhes enviaria.

Além disso, foi inúmeras vezes levada à presença do pároco para interrogatórios, para que, quebrada sua teimosia, admitisse que toda essa história não passava de mentira. Mas o bom padre não encontrava contradição alguma nas palavras da pequena, e abanava a cabeça sem saber o que fazer a respeito de tudo aquilo.

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Jacinta, Lúcia e Francisco, com seus terços

Somente no campo, com os priminhos, é que tinha um pouco de paz. Mesmo assim, suas conversas agora eram melancólicas, marcadas pelas revelações espantosas do dia 13 de julho. Rezavam e faziam penitências pelos pobres pecadores. Jacinta não se comprazia com a promessa de que iria para o Céu: queria que todos também lá fossem. E dizia:

      - Penso no inferno e nos pobres pecadores... O inferno! O inferno!... Que pena eu tenho das almas que vão para o inferno. E as pessoas lá vivas a arder como lenha no fogo!... Ó Lúcia, por que será que Nossa Senhora não mostra o inferno aos pecadores? Se eles o vissem, já não faziam mais pecados para não irem para lá. Hás de dizer àquela Senhora que mostre o inferno a toda aquela gente. Verás como se convertem.

De vez em quando Jacinta interrompia sua oração para perguntar:

      - Ó Lúcia, ó Francisco, vocês estão a rezar comigo?... É preciso rezar muito para livrar as almas do inferno... Vão para lá tantas, tantas!...

E rezavam pelos pecadores que não rezam. Pela conversão dos pecadores, deixavam muitas vezes de beber água e não comiam. Por sua vez, Francisco parecia menos abalado com as revelações do inferno e das futuras atribulações da humanidade. Freqüentemente exclamava, arrebatado:

      - Como é Deus!!! Não se pode dizer! Isto sim, que a gente nunca pode dizer! Mas que pena Ele estar tão triste! Se eu O pudesse consolar!...