Nossa Senhora apareceu seis vezes aos pastorinhos, de maio a outubro de 1917, nos dias 13 de cada mês, com exceção de agosto, como veremos nestas páginas.
Lista das aparições em Fátima:
19 de agosto de 1917 - nos Valinhos
No domingo seguinte, dia 19 de agosto à tarde, Lúcia, Francisco e o irmão João foram levar as ovelhas para uma fazenda do tio de Lúcia: os Valinhos.
Eram mais ou menos quatro horas da tarde quando Lúcia começou a notar que a temperatura refrescava, o sol se amainava, e então surgiu o relâmpago.
Também a irmã de Lúcia, Teresa, e seu marido, que estavam para entrar em Fátima, perceberam nesse momento as mesmas coisas que se viram no dia 13 na Cova da Iria. Ao sentir que Nossa Senhora vinha, e Jacinta não estava no local, exclamou para o primo:
- Ó João, vai buscar a Jacinta depressa que vem lá Nossa Senhora!
Como o rapaz não quisesse ir, na intenção de ficar e ver também a Senhora, Lúcia lhe prometeu dois vinténs para que fosse a toda pressa.
Quando deu o segundo relâmpago, Jacinta chegava com João. Momentos depois, aparecia a Senhora sobre uma azinheira.
- Que é que Vossemecê me quer?
- perguntou Lúcia, como das outras vezes.
Novamente, Lúcia pediu que Ela fizesse um milagre para todos acreditarem.
- Que é que Vossemecê quer que se faça do dinheiro e das outras ofertas que o povo deixa na Cova da Iria?
- Queria pedir-lhe a cura de alguns doentes.
Ela fez uma pausa e continuou, depois, muito triste:
Então, como das outras vezes, foi se elevando até sumir em direção ao nascente. As crianças ficaram cheias de júbilo, depois de tantas desilusões e vexames sofridos.
Quando saíram do êxtase e se sentiram capazes de se mover, cortaram alguns galhos da árvore em que Nossa Senhora havia pisado, levando-os para casa. Jacinta foi logo dizendo:
- Ó tia, vimos outra vez Nossa Senhora!... Nos Valinhos!
- Ai, Jacinta! Sempre vocês me saíram uns mentirosos! Nem que Nossa Senhora lhe vá aparecer agora em toda parte por onde vocês andam!...
Mas a extraordinária fragrância dos galhos da azinheira dos Valinhos foi, para as famílias dos videntes, um sinal de que alguma coisa singular realmente estava acontecendo.
O tempo todo as três crianças dedicavam à oração e a imaginar que mortificações poderiam praticar pela conversão dos pecadores.
No mês de agosto, de maior seca, chegaram a ficar nove dias sem beber água. Em lugar de comer as frutas doces que os pais lhes davam, comiam ervas do campo e pinhas verdes. Tendo encontrado uma corda áspera no caminho para Aljustrel, os três a repartiram para usar na cintura como um silício, dia e noite.
Eram claros os sinais de que essas penitências agradavam a Deus.
Particularmente, Jacinta agora era mais paciente, carinhosa, e aberta aos sofrimentos. Teve muitas visões sobre coisas futuras. Certo dia, rezou três Ave-Marias por uma mulher muito doente, e todos os sintomas da doença desapareceram. Por outra mulher, que os injuriava chamando-as de impostoras e mentirosas, Jacinta pediu que os três fizessem muitas penitências para que se convertesse; e de fato, nunca mais a ouviram dizer uma palavra menos bondosa.
[Continua!]